Praia de Algés foi outrora uma das mais concorridas


O costume de ir a banhos surgiu a partir de meados do século XIX, muito do agrado das famílias burguesas que construíram nas suas proximidades os seus palacetes e residências de veraneio, contribuindo desse modo para o incremento turístico de muitas localidades. Não admira, pois, tratavam-se de sítios desde sempre muito fotografados e objeto de propaganda, mormente através da edição de postais ilustrados.


Entretanto, as praias foram também conquistando novos adeptos entre as classes populares que podiam assim usufruir de uma forma de lazer a custo reduzido. Para isso também contribuíram as colónias de férias que então se realizavam, destinadas a crianças pobres, organizadas por associações de benemerência.


Até meados da década de sessenta do século passado, altura em que foi construída a ponte sobre o rio Tejo, a praia de Algés era uma das mais concorridas dos lisboetas. A sua proximidade em relação a Lisboa, beneficiando do acesso a meios de transporte público como o comboio e o eléctrico da Carris, Algés recebia a partir do começo do Verão milhares de banhistas.


O comércio local desenvolveu-se graças em grande medida aos banhistas, sobrevivendo na localidade ainda algumas lojas que vendem artigos de praia, desde toalhas a brinquedos de crianças, agora mais dirigido a um público que utiliza o acesso ao comboio para se dirigir a outras praias da linha de Cascais.


Com a construção da Ponte Salazar – actual Ponte 25 de Abril – as pessoas passaram a frequentar outras praias mais distantes, com especial preferência para a Costa da Caparica e outras praias na margem sul do rio Tejo.


A praia de Algés era formada por um extenso areal que se prolongava até à Cruz Quebrada e era atravessada pela ribeira de Algés que ali desaguava, a qual foi entretanto encanada. Da antiga praia resta atualmente uma nesga de areia próximo do acesso ao viaduto, possuindo ainda alguns escassos frequentadores.


As imagens são de postais dos finais do século XIX e fotografias de Joshua Benoliel e Eduardo Portugal, pertencentes ao Arquivo Municipal de Lisboa, as quais retratam a estação ferroviária após 1890, a praia de Algés e os banhistas por volta de 1912 e a ribeira de Algés na década de 30 do século passado.

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